“Olha o carrinho que ganhei!”
“É... legal...”
“E cê? O que ganhou?”
“Eu? Ganhei nada não.”
“Nem uma boneca? De pano e retalho?”
“Não, nem...”
“Cê ta chateada, né?”
“Não... é, não estou não...”
“Mas tá tão quieta. Só pode ta triste.”
“Já disse, não estou.”
“ Então vamos brincar. Te empresto meu carrinho.”
“Acho que vou ficar aqui...”
“Aqui?! Mas não tem nada aqui! Só o velho chafariz.”
“Pois é...”
“Acorda! Nem funciona mais essa tranqueira.”
“Eu sei...”
“Ainda quer ficar aqui? Você tá doente?”
“Pode ser... não tenho certeza...”
“Cê olha o chafariz sem água e não quer brincar... Tá doente sim. Mas não tá quente... Tá, qual é a graça?”
“O chafariz...”
“Já disse! Ele tá quebrado!”
“E eu que já sei...”
“Diz logo vai, o que cê tanto olha?”
“As bolhas de sabão do chafariz...”
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Mini-Conto: Bolhas de Sabão
Atraso
Por isso nada melhor do que um feriado para colocar a postagem em dia.
Abraços a todos.
sábado, 10 de maio de 2008
Nove Azul – Que os Jogos Comecem
Encolhe-se. Treme. Apóia-se nas mãos. Levanta. Olha em volta. Olhos vazios. Distantes. Não reconhece onde está. A frente uma porta. Atrás o tubo. Encosta nele. Gelado. Caminha até a porta. Para. Estende a mão. Encolhe-a. Estica outra vez. Toca. Ela se abre.
Sala. As paredes gessadas com uma floresta tropical. Exceto, ao norte, coberta por um tapete. Homens astecas trançados na peça. Vestem peles de jaguares. Penas adornam os corpos. Em cima de mesas, espadas de obsidiana. Rodeando-as, estátuas bronzeadas de ameríndios.
Procura uma saída. Levanta o tapete. Uma porta escondida. Abre-a. Outra sala. Mesas com roletas. Cartas. Dados. Brilham como vaga-lumes morrendo. “Um cassino?” Silêncio.
Passa a mão sobre uma roleta. Pó. Grosso. Pegajoso. Esfrega os dedos.
Outra porta abre. Um corredor escuro. Batida metálica. Engrenagens rangem. Outro golpe. O Primeiro-Homem dá passos para trás. Engrenagem. Estampido metálico. Ele esbarra em uma mesa. Aguarda. Engrenagem. Estrondo metálico.
Um robô sai das trevas. Peças de relógio giram no corpo. Feridas expostas presas em chapas metálicas. Vapores saem por frestas. Rodam outra vez. Pernas cilíndricas golpeiam o chão. Anda. Para. Recomeça.
O Primeiro-Homem encara a máquina. Busca-lhe os olhos. Fendas negras em uma cabeça oval. Sem boca. Sem nariz. Rosto funcional. Os passos do robô cessam. Vapores. A máquina encara o Primeiro-Homem.
“Aguardam o senhor na outra sala. Siga-me, por favor.” A voz soa por entre as engrenagens. Nota única. Grave e metálica.
O robô vira de costas. Vapor. Engrenagens. Passo. O Primeiro-Homem desentorpece. Alcança o robô e atravessa a porta.
Corredor. O chão gelado lembra-o de sua nudez. À frente, uma mesa e um abajur. O crepúsculo ilumina calças e camisas camufladas. Tons de verde. Penas misturadas com a camuflagem. Pares de botas embaixo da mesa. O Primeiro-Homem se veste. Olha para a entrada. Uma placa de ferro lacrou-a.
“Preciso achar a saída.” Submerge na escuridão. Tateia as paredes. Uma explosão de luz o cega. É empurrado para frente. Cai de joelhos. As mãos cheias de areia. Gritos incompreensíveis. Vindos de milhares de bocas. Por todos os lados. A visão retorna.
Noite. Arena. Vinte, trinta mil pessoas observando-o. Não há como precisar. No céu, a Terra está em quarto crescente. Maior do que o sol.
“Que os jogos comecem.” Soam os auto-falantes. Ele levanta. “O que está acontecendo?”
A multidão joga espadas, clavas e tridentes para o interior da arena. “Armas?! Para quê?” O coração acompanha as palmas e os gritos da multidão. A boca pende aberta. Seca.
Entra um homem alto, alto demais. Dinossaurico. Branco. Sem pêlos no corpo. Veste calças vermelhas. Na mão esquerda uma espada longa, na outra um chicote. As armas zumbem como vespas.
“Lutar?” O Primeiro-Homem olha ao redor. A multidão levanta. Grita mais alto.
O chicote zumbe no ouvido direito do Primeiro-Homem. Com uma acrobacia se esquiva. “Como fiz isso?!”
O gigante prossegue. Desfere golpes seguidos com a espada. Não acerta. Encurrala-o. O gigante sorri. Mira o coração. Golpeia com a ponta da espada.
O Primeiro-Homem sua. Respira rápido. Barulhento. O pescoço lateja. A cabeça dói. Pernas tensionadas. Salta.
A espada crava na parede. O Primeiro-Homem pousa na prancha da arma. O zumbido intensifica. Agressivo. As botas são destruídas pela vibração da arma. Pula para os ombros do gigante. Depois para a beirada da marquise com um mortal de costas. As pessoas ovacionam.
O gigante chicoteia a marquise. O Primeiro Homem joga-se na multidão. Lascas de pedra caem da parede na areia.
“Peguem-no! Ele não pode descobrir a verdade.” Soam os auto-falantes.
A multidão tenta agarrá-lo. Soldados surgem das portas de acesso. Desvencilha-se, foge. Chega ao topo do estádio. Do beiral ao chão, 100 metros.
“Pule.” Ouve dentro de si. Olha para trás. Os guardas estão próximos. “Você consegue.”
Um guarda agarra-lhe a camisa. O Primeiro-Homem se solta. Rosto tenso. Olhos arregalados. Inclina-se. Deixa o corpo cair. Desliza entre faixas e letreiros. Rola entre eles. Noutros está em queda-livre. Aterriza no topo de um caminhão. Amassa a estrutura. Abana para os guardas.
O veículo entra em um túnel escuro. ”O que farei agora?”
domingo, 4 de maio de 2008
Belle, a Perfeita - Parte 3
Belle caminha compulsiva pelo Submundo. As horas passam. Licurgo a encontra. “Consegui algumas pessoas. Estão na sala de reuniões.”
“Até que enfim! Já ia sozinha.”
“Sabe chegar na Fiki?”
“Eu... é... eu dou um jeito.”
Licurgo não responde. Caminham até a sala dos incensos. Não há fumaça. Nenhum incenso queimando. Belle sente-se mais confortável. Três desconhecidos estão na sala com Anódina.
Licurgo aponta para um homem baixo. Sorriso triste. Pele escamosa e verde. “Belle, este é Tanaceto. Será o guia até a Fiki.”
“Papaver é a combatente de vocês.” A mulher no sofá com Anódina acena para Belle. Licurgo parece pequeno ao lado dela. Dois metros e meio de altura e largura. Músculos prontos para esmagar crânios. Corpo para resistir disparos de laser.
Um garoto ao lado de Tanaceto sorri. “E ai? Sou Melkior.” Belle retribui o sorriso com esforço. Melkior é mais novo do que ela.
Anódina abraça Belle. “Está se arriscando, criança. Talvez seja seu destino.” Abraça um por um. “Dou a minha benção para este trabalho. Partam meus filhos e voltem vivos.”
Melkior arrasta os pés. Olha em volta. Procura algo. Desiste. “E ai? Falta muito?”
Tanaceto resmunga. “Pela última vez Melkior, falta. Eu digo quando chegarmos, certo?”
“Tá. Não gosto de caminhar no escuro, só isso.”
Belle segura à mão de Melkior. “Tudo bem.”
“Parem!” Sussurra Papaver.
Belle força a visão. “Um agente. Fujam!”
Lanternas apontam na direção do grupo. “Alvos localizados. Iniciar captura.”
“Corram! Eu cubro!” Grita Papaver.
Belle, Melkior e Tanaceto correm. O agente dispara. Atinge Belle no braço esquerdo. Papaver, no peito. A guerreira investe contra o agente. Outro disparo. Papaver cai eletrocutada.
Os fugitivos correm por alguns instantes.
“Não... estou... me sentindo... bem...” Diz Belle.
“Munição envenenada. Apóie-se em mim e em Melkior.”
A garota ajoelha. Contorce-se de dor sobre o estômago. Desmaia.
Belle acorda. Melkior e Tanaceto caídos sobre ela. Mortos. Belle grita. Rasteja para longe dos corpos retalhados por garras. As roupas dela inundadas de sangue coagulado. O cheiro de ferro é forte. Belle vomita. Ofega. Respira entre soluços. Chora. Lágrimas misturam-se com sangue. Cambaleia para longe. Passos vacilantes.
“Anódina me pergunta sozinha respostas respostas respostas as garras do animal fugir do sangue fugir o cheiro atrás de minha culpa casa preciso ir casa...”
Sem consciência do caminho, ela retorna ao Submundo. Os sobreviventes a encaram. Afastam-se. Olham de longe. Licurgo corre na direção de Belle e a abraça. Anódina logo atrás.
“O sangue... o sangue... Licurgo.”
Licurgo a coloca entre os braços. “Calma, criança, calma.”
“Não... estou... me sentindo... bem...” Ela diz. Cai dos braços de Licurgo. Contorce-se de dor sobre o estômago. Desmaia.
Belle acorda. Esta em uma jaula. O cheiro de sangue supera tudo a sua volta. Corpos de sobreviventes destroçados ao longo do submundo. Olhos Negros ao redor da jaula. “...informe a central que X-49 realizou a missão. Submundo eliminado...”
Belle salta contra as grades da jaula. Ruge como um leão.
“Capitão, o espécime X-49 despertou. Aguardando ordens.”
“Ativar contenção elétrica. X-49 deve permanecer inconsciente até retornar ao laboratório.”
A jaula de Belle faísca. O cheiro de ozônio mais forte do que o cheiro de sangue. O choque a derruba. “Não existem respostas, só perguntas...” Ela pensa. Desmaia.
Belle, a Perfeita - Parte 2
Sons indistintos preenchem as galerias. Vozes. Dezenas de tons diferentes. Uma melodia cacofônica. Em seguida, luz preenche o túnel. Belle e Jocasta saem das galerias.
Tochas nas paredes iluminam a estação de metro. Belle pisca. Conta de forma automática. 42 pessoas. A maioria deformada. Alguns com ‘algo’ incomum. Próximos a uma escada dois homem tocam violino. Uma mulher os guia no violão. A música os embala. Belle esquece o que vê. O cheiro de mofo e umidade desaparece.
Jocasta segura-a pela mão. “Anódina ver você.” A visão e os cheiros retornam. Caminham entre as pessoas. Cessam as conversas. Olhos analíticos. Passam pelos músicos. Cessa a música.
Descem as escadas. Um corredor estreito terminado com uma cortina. Atrás desta, vultos espectrais. Jocasta aponta para os espectros. “Esperam você.”
Belle passa pela cortina. Fumaça espessa de incenso preenche o ambiente. Cheiro forte de canela. Com dificuldade enxerga um homem em pé e uma mulher no sofá.
“Bem-vinda, X-49. Sou Licurgo.” Diz o homem. Aponta para o sofá. “Está é Anódina.”
Os olhos de Belle adaptam-se a névoa. Licurgo parece um soldado. Dois metros de altura. Curvado. O braço direito feito de aço. Anódina some atrás de Licurgo. Pequena. Prestes a quebrar como uma estátua de gelo. “Sente menina.” Anódina aponta outro sofá. “Como quer ser chamada?”
Belle senta. Sorri. O coração acelera. A voz de Anódina é a voz de sua mãe. “Belle. Meu nome é Belle. Que tá acontecendo?”
Anódina segura-lhe a mão. “O mundo está fora do eixo, Belle. Desde os anos 2000. Explicações trazem mais perguntas. Posso contar o que sei. Mas você terá mais perguntas. Quer?”
Belle puxa a mão. Cruza os braços. “... não sei. Acho... acho que sim.”
“Bem-vinda ao Submundo. Somos o refugo final da ganância dos livres para buscarem a verdade. Livres por saberem a verdade necessária para buscar mais verdades. Cientistas, Belle, cientistas!”
Anódina respira a fumaça. Solta baforadas de incenso. “Eles não se responsabilizam mais. Vendem-se para quem pagar mais. Por que é a pergunta. E a verdade, toda a resposta. Nós somos o resultado da busca. Todos sabem que existimos, mas fingem que não. Viemos de empresas diferentes. Mas somos iguais. Testes. Cobaias. O futuro defeituoso.”
Licurgo olha o braço metálico. “Somos o poder de deuses em caixas de Pandora. Deformados. Não podemos ficar nas ruas. Seriamos caçados.”
Anódina fica em pé no sofá. Acaricia o rosto de Licurgo. Olha para Belle. “Somos frutos de segredos. Qual será o seu? Somos distorcidos, você perfeita. Qual o novo jogo das corporações? E a mãe de todas as perguntas, ainda somos humanos?”
Belle joga o corpo contra o sofá. “... não sei. Estou confusa...”
“Tudo ficará bem. Ampliaram teus sentidos e teu crescimento. Físico e mental. Tudo fará sentido. Descanse pequena Belle, descanse.”
Os olhos de Belle pesam. O corpo amolece. Talvez seja a fumaça ou a voz maternal de Anódina. Adormece.
Acorda. Está na cama inferior de um beliche. A porta do quarto abre. Licurgo entra. “Bom dia, garota. Melhor? Você tem que saber algumas coisas.” Licurgo senta no chão. “Temos muitos nomes. Mas nos chamamos de Sobreviventes. Alguns, Aberrações, como eu. Não podem esconder sua qualidade. Outros, Falsos, como você, podem.”
“Eu sou uma falsa?”
“Na verdade, não. Falsos deixam as pessoas desconfortáveis. Você não. É a primeira sobre-humana real. Infelizmente, não será a ultima.”
“Isso... é estranho...”
“Entendo. Realmente entendo. Bom, eles aumentaram seus sentidos. Ver no escuro, ouvir a distância, essas coisas. Anódina disse que tem algo latente em você, mas não pode identificar.
Belle senta na cama. Olhos arregalados. “Ela sabe o que fizeram comigo?”
“Sim. Ela é uma das primeiras. Testes com poderes mentais. Bagunçaram a mente dela. No final, ela conseguia saber o dom de cada cobaia. Eles não sabiam da alteração na voz. Sorte nossa. Ela fugiu e criou o Submundo.
Fui um dos primeiros a ser salvo. Há dez anos ou mais, não sei. Vivo aqui desde então. Organizo os resgates. Tenho contatos. Infelizmente, não podemos salvar todos. É difícil competir com os Olhos Negros.”
“E Alex?”
Licurgo franze a testa. “Sinto muito, não podemos salvá-lo. Ele está com os Olhos agora.”
“E esses contatos?”
“Apenas isso. Informantes nas corporações. Não arriscam a pele de verdade.” Licurgo toca o ombro de Belle. “Aceite os fatos, ele deve estar morto agora.”
“Não! É minha culpa. Tenho que fazer algo...”
“Ele sabia dos riscos. Não há nada a fazer. Descanse.”
“Não quero descansar! Não temos tempo a perder. Eles irão matá-lo. Tenho de resgatá-lo!”
“O amadurecimento forçado causa essa raiva...”
“Não me interessa! Vou resgatá-lo. Ponto final.”
“Está bem. Não posso impedir. É decisão sua. Talvez alguém queira ajudar.”
Belle, a Perfeita - Parte 1
O projeto X-49 amplia os sentidos. Cria supersoldados. O experimento deu certo. Ampliaram os sentidos de Belle a níveis sobre-humanos. Antes dos testes, ela fugiu. Há 15 minutos.
Os Olhos Negros lidam com falhas na segurança. Foram acionados há 10 minutos. Momento da saída de Belle da indústria. Agora, eles estão alcançando-a.
O medo cresce. O senso de direção de Belle está destruído. Um agente mira o tranqüilizador contra ela. Algo agarra o braço de Belle. Cobre sua boca com um pano. Puxa-a para um beco. Belle grita. O pano abafa o som.
Ela se vira. Um garoto atrás dela. Baixo, vestindo trapos. O rosto escondido por um capuz. As mãos cobertas de pus amarelo e cicatrizes.
“Vem!” O garoto retira caixas de papelão do chão. Embaixo delas um bueiro.
Belle não se move.
“Tipo, sem medo, sou X-12, me chamam de Alex, vamos.”
Belle hesita. Pés de barro arrastam-se até o bueiro. Desce. Um filete de esgoto corre no chão. A caminhada é longa.
“Roupas novas. Não quero mais esse jaleco.” Pensa Belle. Olha para os trapos de Alex. O peito aquece. Desvia os olhos. Murmura. “Cê enxerga no escuro?”
“Não. Tipo, decorei o caminho, sabe, conto os passos.”
Belle força a visão. Alex ganha definição. “Tá aqui faz tempo?”
“Tipo, três anos, X49.”
“Belle, droga, Belle!” O grito ecoa pelas galerias.
“Quieta. Os Olhos podem nos encont...”
Ele não termina a frase. Um bueiro abre-se à frente. Fachos de luz iluminam o local. Um agente salta para a galeria. Sem rosto. Um capacete fechado com visor negro. Aciona o rádio. “Capitão, X-49 na leitura. X-12 também. Iniciando captura.”
Alex empurra Belle para trás. “Foge!” Ela caí. Outro agente penetra na galeria. Belle levanta e corre.
O garoto salta contra os agentes. Belle vê a briga sem olhar para trás. Os Olhos Negros o imobilizam. “Anódina, procure Anód...” O amordaçam. “Capitão, impossível detectar X-49. X-12 capturado. Retornando a base.”
Belle ouve os agentes. Não virão atrás dela. Corre pela opressão no peito. As pernas explodem em dor. Atira-se no chão. Chora. Tapa o rosto com as mãos. Chora. “Minha culpa.” Belle adormece chorando.
Acorda sobressaltada. Chiados. Uma ratazana passa ao lado. Tapa a boca com as mãos. Engole o grito. “Um metro. 28 quilos.” Sua mente analisa o animal.
“Não posso ser pega não posso ser pega não posso ser pega.” Belle levanta. Corre a esmo pelo túnel. As horas passam. Passos. Uma mulher tranca o caminho de Belle. Sem esperanças prepara-se para lutar.
A mulher tem cabelos longos. Roupas puídas. Carrega um bastão. Pisca. Primeiro os dois olhos. Depois, os três da testa. Encara Belle. Ameaça-a com o bastão. “Quem é?”
“X-49... Belle...”
“X-49? Alex?”
“Os Olhos Negros...”
A mulher baixa o bastão. “Droga! Droga!”. Fecha os cinco olhos. Baixa a cabeça. “Jocasta. Vem.”
Belle permanece imóvel.
“Não medo. Vamos Submundo. Todos especiais lá.”
Sem opções, Belle a segue. Caminham caladas. A curiosidade coça a garganta de Belle. “O que é o Submundo?”
“Metro abandonado. Lar fugitivos sem lugar. Anódina e Licurgo cuida Submundo. Ajuda fugir.”
“Cês me libertaram?”
“Licurgo conhece gente empresas.”
“E Alex?”
Jocasta suspira. Balança a cabeça para os lados. “Empresa tortura Alex. Descobre Submundo. Depois, mata Alex.”
Belle para. Jocasta a encara. “Gente Licurgo mata Alex antes com sorte.”
Belle engole ar. O estômago pesa. A cabeça gira. A viagem prossegue sem mais perguntas.
Prefácio 2
Entre elas, dividir os contos em partes. Talvez melhore, talvez não. Por isso, Belle, a Perfeita, foi dividido em três partes.
Comentem a nova diagramação.
Belle é um conto quase cyberpunk. Espero que gostem.
Abraços.
Atraso
Mas ainda será postado nessa madrugada.
Abraços.