domingo, 4 de maio de 2008

Belle, a Perfeita - Parte 1

Belle corre. O coração martela o peito. O ar rasga das narinas aos pulmões. Ela não pode parar. Os Olhos Negros das Indústrias Fiki estão caçando-a. Para o público uma corporação biotecnológica produtora de vacinas. Isabelle foi criada longe do público. Nos subsolos de pesquisa.
O projeto X-49 amplia os sentidos. Cria supersoldados. O experimento deu certo. Ampliaram os sentidos de Belle a níveis sobre-humanos. Antes dos testes, ela fugiu. Há 15 minutos.
Os Olhos Negros lidam com falhas na segurança. Foram acionados há 10 minutos. Momento da saída de Belle da indústria. Agora, eles estão alcançando-a.
O medo cresce. O senso de direção de Belle está destruído. Um agente mira o tranqüilizador contra ela. Algo agarra o braço de Belle. Cobre sua boca com um pano. Puxa-a para um beco. Belle grita. O pano abafa o som.
Ela se vira. Um garoto atrás dela. Baixo, vestindo trapos. O rosto escondido por um capuz. As mãos cobertas de pus amarelo e cicatrizes.
“Vem!” O garoto retira caixas de papelão do chão. Embaixo delas um bueiro.
Belle não se move.
“Tipo, sem medo, sou X-12, me chamam de Alex, vamos.”
Belle hesita. Pés de barro arrastam-se até o bueiro. Desce. Um filete de esgoto corre no chão. A caminhada é longa.
“Roupas novas. Não quero mais esse jaleco.” Pensa Belle. Olha para os trapos de Alex. O peito aquece. Desvia os olhos. Murmura. “Cê enxerga no escuro?”
“Não. Tipo, decorei o caminho, sabe, conto os passos.”
Belle força a visão. Alex ganha definição. “Tá aqui faz tempo?”
“Tipo, três anos, X49.”
“Belle, droga, Belle!” O grito ecoa pelas galerias.
“Quieta. Os Olhos podem nos encont...”
Ele não termina a frase. Um bueiro abre-se à frente. Fachos de luz iluminam o local. Um agente salta para a galeria. Sem rosto. Um capacete fechado com visor negro. Aciona o rádio. “Capitão, X-49 na leitura. X-12 também. Iniciando captura.”
Alex empurra Belle para trás. “Foge!” Ela caí. Outro agente penetra na galeria. Belle levanta e corre.
O garoto salta contra os agentes. Belle vê a briga sem olhar para trás. Os Olhos Negros o imobilizam. “Anódina, procure Anód...” O amordaçam. “Capitão, impossível detectar X-49. X-12 capturado. Retornando a base.”
Belle ouve os agentes. Não virão atrás dela. Corre pela opressão no peito. As pernas explodem em dor. Atira-se no chão. Chora. Tapa o rosto com as mãos. Chora. “Minha culpa.” Belle adormece chorando.
Acorda sobressaltada. Chiados. Uma ratazana passa ao lado. Tapa a boca com as mãos. Engole o grito. “Um metro. 28 quilos.” Sua mente analisa o animal.
“Não posso ser pega não posso ser pega não posso ser pega.” Belle levanta. Corre a esmo pelo túnel. As horas passam. Passos. Uma mulher tranca o caminho de Belle. Sem esperanças prepara-se para lutar.
A mulher tem cabelos longos. Roupas puídas. Carrega um bastão. Pisca. Primeiro os dois olhos. Depois, os três da testa. Encara Belle. Ameaça-a com o bastão. “Quem é?”
“X-49... Belle...”
“X-49? Alex?”
“Os Olhos Negros...”
A mulher baixa o bastão. “Droga! Droga!”. Fecha os cinco olhos. Baixa a cabeça. “Jocasta. Vem.”
Belle permanece imóvel.
“Não medo. Vamos Submundo. Todos especiais lá.”
Sem opções, Belle a segue. Caminham caladas. A curiosidade coça a garganta de Belle. “O que é o Submundo?”
“Metro abandonado. Lar fugitivos sem lugar. Anódina e Licurgo cuida Submundo. Ajuda fugir.”
“Cês me libertaram?”
“Licurgo conhece gente empresas.”
“E Alex?”
Jocasta suspira. Balança a cabeça para os lados. “Empresa tortura Alex. Descobre Submundo. Depois, mata Alex.”
Belle para. Jocasta a encara. “Gente Licurgo mata Alex antes com sorte.”
Belle engole ar. O estômago pesa. A cabeça gira. A viagem prossegue sem mais perguntas.

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