Acordei. Nada fazia sentido. Corredor largo. Chão, teto, paredes. Pedra. Polida. Primitiva. Fria. Senti-me naqueles sonhos de correr parado. Angustiante. Não era sonho. O cheiro dizia isso.
Fraco. Sutil. Presente. Cheiro de tia velha. De terra molhada pela chuva. Essência da morte no entardecer outonal. Perceptível. Desconcertante.
Dadas às opções, segui adiante. Ou retornei. Não havia referencial...
Caminhei. Horas? Dias? Minutos? O cheiro intensificou-se. Cheguei a um salão. Grandioso. Fúnebre. Transbordante de portas. Paredes. Teto. Chão. A rocha quase imperceptível.
Abriria alguma? Não o fiz. Perdi-me na apatia cinza e marrom. Cacei o cheiro como um sabujo. Acolhedor. Encontrei a fonte. Acariciou minhas narinas. Minha vida guiada por sensações primitivas.
Encostei a palma da mão na porta. Madeira antiga. Fria. Áspera. Sólida. A guardiã do desconhecido. Sem maçaneta. Bastava empurrar. Travei.
Na hesitação, o cheiro aumentou. Vagou ao meu redor. Buscou-me.
Seria a porta errada? Fazia diferença? Inspirei. Lento. Profundo. O cheiro nos músculos. Retumbou ao sabor do coração. Inclinei-me robótico. Fechei os olhos. Não respirei.
A porta deslizou no batente. Em uníssono todas abriram. O cheiro sumira. E agora?
2 comentários:
Ai, ai, ai...
É por isso que drogas alucinógenas são ilícitas... Imagina se todo mundo saísse por aí em corredor frio, abrindo porta sem maçaneta. É um perigo!
hahauaauha
Muito bom!
Mas tô com vontade de ler alguma coisa que envolva ork ou taverna...
hahauahauha
Li uns arquivos que peguei junto de uns livros de vocês uma vez, muito tri. Diário de campanha eu acho. Bons de ler.
Ótimo conto Bin.
Não conhecia esse seu lado .
Adorei e estou seguindo
aninhasouto.blogspot.com
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