Olhos fechados.
Deslizei as mãos no beiral da ponte. Fuligem. Poeira. Áspero. Gritos mecânicos às minhas costas fluíam em ondas revoltas. Ergui as pernas.
Impulso. Sentei no beiral. O vento contrário martelou-me o corpo. Tentou preservar-me. O fluxo atrás de mim cessou. Ainda vibrava em meu peito. Inclinei-me. A ponte, minha cadeira de balanço.
Fui. Voltei. Fui. A vibração parou. Hesitei. Esperei. O vento amigo repetiu-se. A vibração às costas não parou. Explodiu nervosa. Maior. "Quem me olharia?"
Abri os olhos.
O sol refletido na água cegou-me. A pressão às costas combatia o vento. "Algum carro sorriria ao me ver?"
O vento acariciou minhas mãos. Subiu até meu rosto. Beijou-me. Morreu.
A pressão mecânica venceu.
Poema 266 - Correr
Há 13 anos